terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Querido destinatário

Rio de Janeiro, 04 de Junho de 2011

Querido destinatário,

Talvez você nem entenda o que está se passando, eu também queria entender, mas eu não consigo! Queria que alguém compartilhasse comigo a minha dor, alguém que visse de outro ponto. Você, pela sorte do destino, foi escolhido. O balão que larguei da porta do meu jardim caiu em suas mãos. Obrigada por ao menos abri-la para ver do que se tratava!
Em primeiro lugar quero lhe informar que não é a melhor história que já ouvistes, muito menos parecerá um filme, então se quiser rasgar e jogar no lixo, eu entenderei. Já que o problema é meu, e é um abuso meu lhe pedir que continue a ler.
Bem se chegou aqui, é porque se interessou pela minha humilde cartinha. Leia, de coração aberto, sem me criticar, enviei por isso, exatamente por não me conhecer.
A história é longa espero que se interesse.
Nós éramos dois apaixonados, completamente apaixonados, pelo menos era o que parecia. Ele me agarrava em seus braços e eu me sentia nas nuvens, seus beijos eram como correntes elétricas pelo meu corpo frágil, e toda noite sonhava com ele. Era como se fossemos perfeitos um para o outro. Como se nada atrapalhasse. Mas só éramos amigos, só amigos.
Isso me irritava muito. Eu tinha me aproximado dele em janeiro desse ano, para tentar algo, que não sei bem.
Ele nunca me dissera nada, pior, não falava o que sentia, ele era o amigo dos abraços, dos beijinhos e das aulas do curso. Era só. Mas sinceramente eu sentia que ele queria algo mais, algo mais profundo, mas nunca me valorizei muito para acreditar em mim mesma.
Era estranho, tínhamos amigos em comum, era divertido tê-lo ao meu lado, era agradável. Eu sentia sua presença dentro da minha alma.
No meu aniversário, fizeram uma festa surpresa para mim. Era algo que eu sempre desejei, foi tudo perfeito, mas sabe que nada é totalmente perfeito, o final estragou. Uma prima minha, foi na festa, ela não era muito bonita, muito divertida e legal confesso, mas ela estragou meu aniversário.
Eu ia falar com ele, mas quando estava chegando perto, ele estava beijando a menina. Era um beijo muito bonito, mas não era meu, não me pertencia. Meus olhos se encheram d’água, e sai correndo.
Contei tudo o que aconteceu para as minha amigas, elas ficaram pasmas, mas bravas comigo, me culpando por não ter falado com ele, por ter deixado passar essa chance. E era verdade, a culpa era minha...
Os dias se passaram, e eu resolvi esquecê-lo, mas como eu posso esquecer um amor? Eu sou fraca demais para isso.
Um dia recebi uma carta dele, de suas próprias mãos. – A carta dele está colocada ai no envelope –


"Querida A.,
Não entendo o motivo por você parar de falar comigo! Não entendo o que eu fiz. Não lembro na verdade. Só queria dizer que sinto sua falta, sinto a vontade de falar com você. Se pudermos conversar um dia desses, eu adoraria. Por favor, só quero uma explicação, se for o caso saio da sua vida para sempre, mas me dê uma chance. Podemos nos encontrar mais cedo aqui no curso.
>Beijos de um menino culpado.”

Eu sentia falta dele, não podia deixar de encontrá-lo.
Cheguei mais cedo, ele estava lá, com a cabeça entre as mãos. Olhei para ele, como se não estivesse ninguém ali. Era importante mostrar que eu estava bem chateada com ele.
Tivemos uma longa conversa. Foi bom, eu sentia falta de falar com ele, de ele pegar em minhas mãos e afagá-las. Sentia falta do seu sorriso, e seu cabelo bagunçado. Expliquei o que vi, e que me magoei. Ele entendeu o que estava acontecendo, percebeu que eu gostava dele, que ele era especial. Ele sorria a cada palavra, viu que eu tinha ciúmes dele, que ele era importante.
Depois de terminar de falar foi minha vez de recuar a cabeça, olhar para o chão enquanto ele segurava as minhas mãos. Ele levantou o meu olhar, e falou pausadamente: ‘Eu te amo’. Meus olhos se arregalaram, a garganta secou, não conseguia falar nada. Ele continuou com o olhar sugerindo uma piada. Abaixei a cabeça novamente e disse bem baixinho: ‘Eu também, e muito’. Ele havia ouvido.
Levantou pegando a minha mão. E subimos para a sala, ele estava todo presunçoso, como que se alguém houvesse dado chocolate belga para ele. Eu estava muito envergonhada, a cabeça baixa.
Ele me amava! Ele me amava! Repetia isso enquanto pulava em meu quarto. Era muita felicidade para mim, eu o amava e ele também. Perfeito.
Minha felicidade não iria durar muito, a vida é assim. A gente já estava namorando fazia um mês era ótimo tê-lo como meu namorado.
Mas no dia seguinte, que a gente completou 1 mês de namoro, ele me enviou outra carta. Num papel rosa, muito bonito, essa eu guardei. No envelope tinha escrito o meu nome em letras muito bonitas, nem parecia ser a dele. Transcreverei aqui:

‘Querida A.,
Obrigado por cada minuto que passei com você, por cada dia. Obrigado por você existir, você foi a pessoa mais importante que já tive. Sabe o que é amor, então eu descobri nesse um mês.
Eu queria passar muitos anos com você, queria tê-la comigo, queria poder ter o seu sorriso todos os dias de minha vida. Mas o destino me tirou do seu lado, me tirou dos seus braços. Como eu queria continuar aqui, mas não posso.
Minha avó como já disse está muito mal, ela está internada no hospital de Los Angeles, e eu tenho que ir lá, falar com ela, e acho que ficarei bons anos lá.
Não vou terminar com você, porque isso não é uma opção para mim, não conseguiria.
Sei que é egoísta, mas vou pedir que não me esqueça, porque eu não vou te esquecer, e quando eu voltar, te esperarei, mesmo que você não me queira mais.
Eu te amo mais do que a mim mesmo!

Com muito amor,
Do seu eterno amante.’

Ele estaria mentindo para mim? Queria que ficasse aqui, esperando por ele? Eu não sei mais o que pensar. Mas só sei de uma coisa, eu o amo, mais do que tudo, mais do que a mim mesma.
Agora deixo para você pensar, eu o espero ou sigo a minha vida? Eu tento esquecê-lo ou fico esperando ansiosa para que ele volte para mim?
Ele me prometeu, e eu acredito nele, tanto que na carta ele mandou um anel, um solitário branco escrito nossos nomes.
O que eu devo fazer? – Me pergunto isso todos os dias.


Com Carinho,
Uma menina desesperada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário